À primeira vista, Deconstruction Simulator parece ser apenas mais um jogo simples, daqueles onde o único objetivo é destruir casas e seguir para o próximo trabalho. Um simulador de destruição básico, e direto ao ponto. Mas conforme vi nas primeiras missões, percebi que havia mais por trás. Por mais que o jogo venha de uma ideia básica, ele consegue desenvolver suas mecânicas de forma interessante, entregando uma experiência divertida e surpreendente para quem é fã do gênero.

Quem sou eu?
A narrativa não é o foco, e o jogo sabe disso. Deconstruction Simulator não tenta te envolver com tramas ou diálogos profundos. A história aparece apenas em pequenos diálogos e anotações entre as missões, servindo mais como pano de fundo do que como protagonista. Algo para apenas existir.
Você assume o papel de um trabalhador comum, contratado para executar diferentes serviços de demolição e limpeza em cidades diversas. O enredo é simples e prático, mas funciona, afinal, ninguém joga esse tipo de simulador esperando uma historia de primeira categoria. O que importa é o prazer de realizar o trabalho.
O Ciclo
A base da gameplay é o que se espera: ir até o local, demolir a estrutura e completar a tarefa. Porém, Deconstruction Simulator vai além desse conceito. O jogo expande o tradicional ciclo de destruição, adicionando tarefas secundárias, gerenciamento de recursos e até elementos de coleta e revenda.
Ao invés de simplesmente derrubar tudo e ir embora, o jogador é incentivado a explorar o ambiente antes da demolição. É possível recolher itens de dentro das casas, desde móveis e utensílios até peças de valor. Esses objetos podem ser revendidos no mercado, oferecendo uma camada extra de progressão.
Além disso, partes da estrutura, como vigas de madeira e materiais de construção, podem ser reaproveitadas ou vendidas a outras empresas. Isso muda completamente a dinâmica do trabalho: cada missão não é apenas destruição, mas também uma corrida por eficiência e lucro.
Outro detalhe interessante é o sistema de lixo. Tudo o que você destrói gera lixo, e esse entulho precisa ser armazenado e descartado. Ignorar o gerenciamento do lixo afeta o desempenho do jogo e pode causar penalidades. É uma mecânica simples, mas que adiciona realismo e ritmo ao ciclo de trabalho.

Mecânicas que valorizam o jogador
O design de mecânicas é o que realmente diferencia Deconstruction Simulator de outros títulos parecidos. Ao terminar um trabalho, o jogador pode revisitar o armazém, organizar os materiais coletados e revendê-los diretamente do computador. Cada item possui sua própria raridade e valor de mercado, o que precisamos decidir: o que vale mais a pena vender agora e o que é melhor guardar para o futuro?
Essa gestão de recursos e espaço é complementada pela presença de veículos. No início, você conta apenas com uma humilde van, com capacidade de carga limitada. Isso obriga o jogador a planejar o que levar, criando um senso de escolha e estratégia. Conforme o progresso, novos veículos são desbloqueados, caminhonetes e até caminhões de grande porte, permitindo transportar mais materiais e expandir as possibilidades de coleta.
O armazém também pode ser melhorado. É possível aumentar o espaço, construir novas seções para veículos e expandir o estoque de itens. Com isso, o jogo ganha um aspecto quase empresarial, simulando de forma leve a rotina de um empreendedor.

Visual e áudio: simples, mas eficientes
Visualmente, Deconstruction Simulator segue o padrão dos jogos de simulação. Os gráficos não impressionam, mas cumprem bem o papel. As construções têm boa leitura visual, os ambientes são variados e os efeitos de destruição são satisfatórios. Ver uma parede desmoronando após golpes bem colocados ou uma casa inteira cedendo após a retirada de pilares é um prazer que só o gênero consegue proporcionar.
A física dos objetos é um ponto curioso. Embora os sistemas de destruição funcionem de forma convincente, em momentos de destruição massiva o desempenho sofre, algo comum em jogos com tantas interações físicas. Mesmo assim, é divertido ver cada fragmento caindo.
O áudio, por sua vez, é um destaque discreto. Cada ferramenta tem um som característico: o impacto do martelo, o chiado da serra, o estalo da madeira e o barulho da parede caindo. Há uma estranha satisfação em ouvir o som do trabalho sendo concluído, como se cada som fosse uma recompensa.
A trilha sonora é mínima, mas adequada. Durante o trabalho, o silêncio é preenchido por sons de máquinas e pássaros, criando uma sensação relaxante, um contraste curioso com a destruição.

Desempenho técnico
Testado em um setup com RTX 4060 Ti, Intel i5 14400F e 32 GB de RAM, o jogo rodou de forma estável na maior parte do tempo, mantendo 60 FPS fixos em gráficos no máximo.
No entanto, durante demolições em larga escala, especialmente quando muitos destroços permanecem no mapa, o desempenho cai visivelmente. A engine sofre para lidar com a quantidade de objetos de física. Em alguns casos, destruir uma casa inteira sem recolher o lixo pode causar lags temporários. É um problema de otimização que precisa de ajustes, mas não chega a comprometer completamente a experiência.
Deconstruction Simulator é um daqueles jogos que surpreendem pela forma como tratam o simples com cuidado. Ele poderia ser apenas mais um simulador genérico, mas sua estrutura de objetivos, o sistema de coleta e revenda, o gerenciamento de veículos e armazém o tornam mais profundo e recompensador do que aparenta.
Ainda assim, há falhas claras, principalmente relacionadas à física e à otimização. Quando a destruição atinge grandes proporções, o jogo mostra suas limitações. Mas mesmo com esses problemas, o loop de gameplay permanece divertido, e a sensação de ver uma casa cair peça por peça é algo que continua satisfatório.
NOTA
CONSIDERAÇÕES
Deconstruction Simulator é exatamente o que o nome promete, um simulador de destruição, mas com um toque extra de estratégia e economia. Para quem gosta de colocar ordem (ou caos) nas coisas, é uma ótima pedida, porem seus diversos erros, principalmente em otimização, deixam a desejar.
