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Review | Assassin’s Creed Shadows (PC)

DO HYPE À REALIDADE: MINHAS IMPRESSÕES SOBRE O SHADOWS

Desde os meus 11 anos, quando mergulhei pela primeira vez em Assassin’s Creed II, fui completamente fisgada pelo universo da Irmandade. A jornada de Ezio Auditore não foi só meu primeiro contato com a franquia, como foi também o início de uma paixão que me acompanhou pela adolescência inteira. Joguei diversos jogos da saga, vivi cada época, cada protagonista, cada fragmento do Éden como se fossem parte da minha própria história. Assassin’s Creed pra mim; foi uma companhia e parte da minha rotina e das minhas memórias mais queridas quando pequena. Cada lançamento era um evento, e cada final de jogo, uma saudade.

Assassin's Creed Shadows


Agora, anos depois, com o lançamento de Assassin’s Creed Shadows e como alguém que viveu cada fase dessa franquia, tenho privilégio de compartilhar minha visão sobre esse novo capítulo. Não só como fã de longa data, mas como alguém que cresceu junto com essa saga. A seguir, minha review sincera e apaixonada sobre o que Shadows representa, ou deixou de representar, para mim.

ENREDO

Ver o Japão Feudal finalmente ganhando vida em Assassin’s Creed Shadows me trouxe uma mistura de empolgação e frustração. Quando o jogo começou, me encantei com a paisagem: as cores vivas, a vegetação balançando ao vento, os templos antigos, os pássaros levantando voo, tudo isso cria momentos que parecem pintura em movimento. A Naoe, com sua dor e sede de vingança, traz um lado mais sombrio e furtivo, enquanto Yasuke, forte, direto e carregado de melancolia, traz sua luta silenciosa em encontrar um lugar naquele mundo caótico. A trama dos dois é previsível em alguns momentos sim,nada muito inovador, mas a forma como suas histórias se cruzam é interessante. A Ubisoft pode até ter demorado pra entregar esse Japão tão aguardado, chegou depois de Ghost of Tsushima, que já tinha feito algo semelhante e com mais impacto narrativo, mas ainda assim, Shadows encontrou seu espaço, especialmente por me permitir viver esses dois pontos de vista tão distintos dentro de uma mesma jornada.

Assassin's Creed Shadows

COMBATES E MECANICAS

As mecânicas de Assassin’s Creed Shadows foram, pra mim, um dos pontos mais interessantes, e ao mesmo tempo, um pouco frustrantes. A proposta de alternar entre dois personagens com estilos completamente distintos é algo no mínimo interessante. Jogar com o Yasuke transmite uma sensação de brutalidade e impacto a cada golpe. Ele é pesado, imponente, e o combate com ele exige um ritmo mais cadenciado. A katana em suas mãos parece uma extensão do corpo. Mas essa força toda também tem um custo: ele é mais lento e limitado em movimentação, e o parkour com ele chega a ser quase inexistente, o que limita bastante a exploração fluida que me acostumei a gostar na série.

Enquanto com a Naoe, a experiência é completamente diferente, e, sinceramente, muito mais próxima da essência Assassin’s Creed que eu conheci lá atrás. Ela se move com agilidade, se esconde nas sombras, escala com leveza e elimina os inimigos de forma silenciosa. A mecânica furtiva com ela é fluida e intuitiva, e o parkour voltou a ser algo realmente divertido de usar. Alternar entre os dois estilos nas missões até que funciona bem e quebra a repetição, mas senti que em alguns momentos o jogo força o uso de um personagem onde o outro faria muito mais sentido. O sistema de habilidades é competente, com opções que ajudam a moldar cada personagem ao estilo de jogo do jogador, mas não traz nada realmente inovador. No fim das contas, me diverti bastante especialmente com a Naoe, mas acredito que algumas escolhas de ritmo e fluidez poderiam ter sido mais bem polidas. É um combate interessante, mas que ainda parece preso entre a fórmula antiga e uma tentativa de inovação que nem sempre acerta.

Assassin's Creed Shadows

HISTÓRIA

A narrativa de Assassin’s Creed Shadows me pegou mais pela construção dos personagens do que pela história em si. Yasuke e Naoe têm vidas completamente diferentes, e acompanhar o contraste entre eles foi o que realmente me prendeu. Yasuke tem uma força impressionante, mas por trás dela dá pra sentir um peso emocional que ele carrega calado. A Naoe é pura tensão interna, determinada, cheia de dor, impulsionada por uma sede de vingança que deixa tudo mais pessoal, o que me identifiquei muito. O jogo vai costurando os caminhos dos dois aos poucos, e essa convergência funciona bem, criando momentos de impacto ao longo da jornada.

Apesar disso, não posso dizer que a história me surpreendeu. É tudo bem estruturado, com seus momentos interessantes, mas segue uma linha bem segura, sem grandes reviravoltas. A fórmula é familiar pra quem conhece a franquia: conflitos históricos, segredos, traições e protagonistas com um passado trágico. Eu senti falta de algo mais ousado, de uma virada que me deixasse realmente empolgada e me fizesse falar “isso é Assassin’s Creed. Ainda assim, não foi ruim, a narrativa cumpre o papel de manter o jogador investido, principalmente graças à dupla principal e às diferenças claras entre eles.

Um ponto que achei positivo foi a opção de escolhas que o jogo oferece em alguns momentos. Não muda tudo radicalmente, mas dá uma leve sensação de que minhas decisões têm peso, e isso ajuda na imersão. No fim das contas, a história é boa, os personagens têm carisma, mas falta aquele algo a mais pra torná-la realmente memorável. Gostei? Sim. Mas esperava um pouco mais de impacto narrativo vindo de uma ambientação tão rica como o Japão feudal.

DESEMPENHO

Falando sobre a parte técnica e mecânica, eu esperava mais. Com uma configuração que considero bem potente, uma RTX 4060, 32GB de RAM dual channel em 3200Mhz, processador Ryzen 7 5700x3D e uma B550M, o mínimo que eu esperava era uma experiência fluida, sem travadinhas ou quedas de desempenho. Mas não foi exatamente isso que aconteceu. Apesar de o jogo rodar bem na maior parte do tempo, tive momentos bem incômodos em que a câmera simplesmente começava a subir sozinha, focando o céu sem motivo aparente. Estava jogando no controle e, inicialmente, achei que pudesse ser algum defeito, mas o controle estava normal, e ficou claro que o problema era do próprio jogo. Isso me tirava da imersão completamente, principalmente em combates ou durante exploração, onde o controle da câmera é essencial. Fora isso, percebi alguns pequenos drops de frame em áreas mais densas, ou algumas travadas nas cutscenes o que, sinceramente, não deveria acontecer com as minhas configurações e me incomodou um pouco tirando meu foco da história. No geral, a performance foi ok, mas ficou longe do que eu esperava de um título da Ubisoft rodando em um setup como o meu.

VISUAL E ÁUDIO

Se tem algo que realmente me deixou de queixo caído em Assassin’s Creed Shadows foi o visual. O nível de detalhe é absurdo — desde os templos antigos até os campos de arroz, passando por vilarejos tradicionais e florestas densas, tudo parece vivo e cuidadosamente pensado. É fácil se perder só andando pelo mapa, observando a arquitetura, as cores da vegetação, a forma como a luz atravessa as árvores. Dá pra sentir que existe uma preocupação em fazer o Japão feudal parecer mais do que um pano de fundo — ele é parte ativa da experiência. Mesmo nas partes mais simples, como caminhar por um vilarejo ou observar os NPCs interagindo entre si, o jogo transmite uma sensação de que o mundo está acontecendo ao nosso redor.

Assassin's Creed Shadows

E se o visual já impressiona, o som eleva ainda mais a imersão. A trilha sonora foi uma das coisas que mais me marcou: ela aparece nos momentos certos, com aquele equilíbrio entre delicadeza e impacto. Os instrumentos tradicionais japoneses misturados com arranjos orquestrais criam uma atmosfera única, é melancólica, intensa e, ao mesmo tempo, calma de uma forma que nos preenche. Sem exageros, teve cena em que a música falou mais que os próprios diálogos. Até os efeitos sonoros, como o som do vento passando pelos bambuzais ou o barulho distante de uma vila movimentada, ajudam a mergulhar de cabeça naquele mundo. A Ubisoft realmente acertou em cheio nessa parte, é um Japão feudal que não só se vê, mas se sente.

CONCLUSÃO

Assassin’s Creed Shadows não é o jogo que vai redefinir a franquia e, honestamente, também não é o jogo que meu coração esperava. Mas mesmo assim, ele me encontrou. Em meio aos tropeços de desempenho e escolhas seguras e diferentes do que cresci amando, houve beleza. Houve arte. E, mais importante: houve momentos em que, por alguns instantes, eu esqueci que estava jogando. Eu estava lá. Entre bambuzais, sombras e silêncios carregados de história, revivi o sentimento que me trouxe até aqui todos esses anos.

Crescer com uma franquia é aceitar que ela muda, às vezes pra caminhos que a gente não escolheria. Mas Shadows, com tudo que entregou e tudo que deixou pra trás, me lembrou em alguns momentos, por que essa saga ainda mora em mim. Não foi a obra-prima que poderia ter sido, mas foi o suficiente pra me fazer relembrar como foi crescer acompanhando essa saga amada e adormecida. E talvez, só talvez, isso seja exatamente o que eu precisava agora.

NOTA

8.0
★★★★★★★★★★

CONSIDERAÇÕES

Assassin's Creed Shadows leva os jogadores ao coração do Japão Feudal, em uma jornada dividida entre dois protagonistas com visões e estilos de vida opostos, Yasuke, um samurai imponente e melancólico, e Naoe, uma assassina ágil e marcada pela dor. Em meio a uma ambientação deslumbrante e uma trilha sonora carregada de emoção, o jogo oferece combates distintos, escolhas narrativas e momentos de contemplação que tornam a experiência nostálgica e nova para os fãs da franquia de Assassin's Creed.

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Assassin's Creed Shadows leva os jogadores ao coração do Japão Feudal, em uma jornada dividida entre dois protagonistas com visões e estilos de vida opostos, Yasuke, um samurai imponente e melancólico, e Naoe, uma assassina ágil e marcada pela dor. Em meio a uma ambientação deslumbrante e uma trilha sonora carregada de emoção, o jogo oferece combates distintos, escolhas narrativas e momentos de contemplação que tornam a experiência nostálgica e nova para os fãs da franquia de Assassin's Creed.Review | Assassin's Creed Shadows (PC)