Desde o momento em que vi Blacksmith: Ignite the Forge, soube que não era apenas mais um simulador de crafting. Seu estilo, trilha sonora e o foco artesanal logo me chamaram atenção, me trazendo uma sensação familiar, mas de um jeito novo. Desenvolvido pela Floodgate Crew, um pequeno estúdio, o jogo mistura elementos de idle game com simulação de forja, resultando em uma experiência não vista antes, e eu estava curioso para saber como seria.
Um mundo sem história
A história de Blacksmith: Ignite the Forge está lá, porém é praticamente inexistente. Somos apresentados rapidamente a um mundo em conflito com as forças do caos, e cabe a nós, ferreiros, armar aventureiros para que enfrentem essas ameaças. Mas, honestamente, a narrativa mal se faz presente durante a jogatina. Tudo se resume a criar equipamentos melhores para fortalecer os personagens e repetir o ciclo: forjar, enviar para o combate, melhorar materiais e recomeçar. Não existe um enredo profundo, plot-twists ou personagens cativantes; o foco do jogo está inteiramente presente em sua gameplay.
Apesar disso, existe um certo charme no que Blacksmith propõe. Há algo interessante na ideia de ser apenas mais um personagem, não somos o personagem principal que enfrenta o inimigo, mas sim o ferreiro, praticamente esquecido, presente apenas para garantir o bom estado dos equipamentos. É um papel secundário, porém importante, que poucos jogos exploram de forma tão central.
A magia da forja
A grande estrela do jogo, sem dúvida, é o processo da forja. Desde a coleta dos minérios brutos até a transformação deles em armas afiadas, o jogo brilha no cuidado com os detalhes dessa jornada artesanal. Cada etapa importa: escolher os minérios certos, refiná-los para melhorar suas propriedades, misturá-los de forma inteligente para criar ligas que concedem bônus especiais e moldar a arma no formato ideal.
O loop de gameplay é simples, mas extremamente cativante. Apesar de ser possível apenas clicar em “batalhar” e esperar que os aventureiros retornem, sendo possível colocar a velocidade de batalha em 1x, 2x ou 4x, a verdadeira diversão está na oficina. Podemos reaquecer o metal, martelar com mais cuidado para alcançar a perfeição e experimentar combinações de materiais. Existe uma sensação de progresso constante conforme entendemos melhor a forja e buscamos aquela arma perfeita para facilitar as batalhas, sendo que nunca é possível fazer duas armas exatamente iguais, graças ao toque manual que damos no formato da arma.
O combate dos aventureiros é quase automático e serve praticamente apenas para medir o quão boa foi sua produção na forja. O jogo deixa claro que não pretende competir com RPGs de ação; o campo de batalha existe apenas como um reflexo da sua habilidade como ferreiro e como gerenciador de aventureiros.
Desempenho e otimização impecáveis
Durante meus testes, joguei em um Intel i5 14400F, RTX 4060 Ti e 32 GB de RAM, com tudo no máximo, e Blacksmith: Ignite the Forge rodou impecavelmente. Não houve quedas perceptíveis de FPS e o jogo manteve uma média sólida de 120 FPS, entregando uma experiência fluida.
Trabalhar o metal nunca foi tão bonito
Visualmente, o jogo impressiona pelo cuidado com o ambiente da oficina. Cada detalhe, desde a textura dos minérios até o brilho do metal aquecido, ajuda a construir uma atmosfera imersiva.
No entanto, o mundo fora da oficina é quase inexistente. Conseguimos ver apenas telas de menus simples e fundos de combate quando enviamos os aventureiros para as missões, sem a possibilidade de explorar outros cenários ou acompanhar suas jornadas de perto. É uma pena, pois mesmo que Blacksmith tenha um foco claro, ter um mundo mais vivo e conectado poderia enriquecer muito a experiência.
A trilha sonora é muito boa; ela combina bastante com o estilo de jogo, reforçando a ideia principal do jogo e fazendo o processo parecer menos tedioso. A música, em si, é aquele clássico estilo de anões ferreiros trabalhando sem parar.
Progressão e complexidade
O sistema de progressão é bem construído. Com o tempo, desbloqueamos novos tipos de minérios, templates de armas e melhorias para a oficina que nos permitem fabricar equipamentos ainda melhores. Apesar de a interface ser, em alguns momentos, pouco intuitiva, tive que quebrar a cabeça para entender como alguns materiais deveriam ser utilizados de forma correta, isso aconteceu apenas uma vez e o aprendizado é parte da diversão.
O jogo não traz sistemas complexos demais e acerta na curva de dificuldade: ele nunca chega a ser punitivo, mas também não entrega tudo de bandeja. Precisamos experimentar para entender como certas ligas funcionam e quais combinações rendem os melhores resultados.
Por outro lado, falta variedade: mesmo com novos minérios e templates, a rotina da forja acaba ficando repetitiva após algumas horas, e não há grandes novidades para quebrar o ciclo. Para quem aprecia o gênero idle, talvez nem seja um problema, mas jogadores em busca de experiências mais dinâmicas podem sentir o cansaço.
Pontos fortes e limitações
No final das contas, Blacksmith: Ignite the Forge é um jogo charmoso e bem executado dentro da sua proposta. Ele entrega com competência a fantasia de ser um mestre ferreiro, com atenção aos detalhes e uma mecânica central que realmente prende a atenção. Seu maior mérito é a forja: viciante, satisfatória e cheia de nuances.
Por outro lado, ele deixa a desejar em aspectos como narrativa, variedade de conteúdo e exploração de mundo. A repetição de tarefas e a ausência de um enredo envolvente tornam a experiência um pouco monótona após longas sessões de jogo.
Blacksmith: Ignite the Forge é perfeito para quem gosta de jogos relaxantes e quer experimentar a arte da forja em detalhes, mas não espere grandes batalhas, história ou exploração. É um jogo para sentar, colocar fones de ouvido, relaxar e passar horas martelando metal, derrotando monstros e buscando a espada perfeita.
Se o que você busca é justamente esse tipo de experiência, ele é viciante e entrega exatamente o que promete. Se, no entanto, você procura por um RPG mais tradicional, com ação e enredo rico, talvez seja melhor procurar em outro lugar.
Blacksmith: Ignite the Forge está disponível exclusivamente para PC.
NOTA
CONSIDERAÇÕES
Blacksmith: Ignite the Forge é um excelente jogo, que mistura combate idle, uma mecânica surpreendente de criação de armas, enquanto ainda assim apresenta uma história, mesmo que rasa. O jogo surpreende, especialmente para aqueles que apenas querem relaxar um pouco.