Quando vi Plan B: Terraform pela primeira vez, achei que seria apenas mais um de muitos jogos de automação disponíveis. E ao abrir pensei que ele não teria nada de especial, apenas poucas diferenças do que já conhecemos. Mas, para minha surpresa, eu estava errado. O jogo mistura simplicidade, acessibilidade e profundidade, resultando em uma experiência viciante e satisfatória.
História mínima, mas funcional
A narrativa não é o foco do jogo, mas existe para dar propósito às ações. Controlamos uma IA avançada, programada para explorar recursos e construir cidades que possam abrigar humanos em um planeta inóspito, mas rico em material.
O jogo não tem cutscenes, apenas um cientista que fala um pouco após cada task realizada. A história é entregue de forma minimalista. E seu objetivo é claro: transformar um planeta sem nada em um lar habitável. E esse simples contexto já é suficiente para dar sentido ao loop de construção e expansão.
Pequenos passos, grandes diferenças
A jogabilidade de Plan B: Terraform pode parecer básica à primeira vista, mas rapidamente mostra sua profundidade. Como todo bom jogo de automação, começamos do zero:
Uma broca para extrair recursos.
Um drone/esteira para transporte.
Duas fábricas, uma para materiais e outra para construções.
O loop é simples, igual todo jogo de automação: extrair, processar, construir e repetir. Mas a cada hora jogada, novas coisas são desbloqueadas.
Um dos diferenciais é a forma como o jogo lida com recursos. As veias de minério são infinitas, mas estão espalhadas pelo mapa. Exigindo um planejamento: você precisa expandir sua rede de transporte para conectar lugares distantes. Não há aquela pressão de esgotar recursos, mas sim o desafio de organizar uma produção em larga escala em lugares longes uns dos outros.
Outro ponto essencial é a evolução dos depósitos. No início, eles coletam apenas em um bloco ao redor, mas conforme você faz upgrades, a área aumenta para dois blocos, aumentando a eficiência. Isso acaba mudando totalmente o jeito que iniciamos dentro do jogo, reduzindo a necessidade de dezenas de drones.
A progressão é organizada por Tasks. Diferente de outros jogos de automação onde o jogador simplesmente expande por conta própria, aqui você recebe objetivos simples e claros, como “produzir uma certa quantidade de unidades de determinado material” ou “aumentar a população da cidade”. Completar essas tasks permitem que você desbloqueie novas estruturas, veículos e tecnologias. É um sistema que acaba guiando o jogador sem restringi-lo, mas ainda assim mantendo a sensação de progresso constante.
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Transporte bagunçado ou organizado?
Um dos aspectos mais satisfatórios do jogo é o transporte. No começo, você depende de drones que levam recursos manualmente de uma fábrica a outra. Mas à medida que avança, pode criar estradas e caminhões, permitindo transporte em massa de materias de forma rápida e eficiente.
Isso cria uma evolução natural: primeiro vamos fazer algo funcional, depois arrumo e deixo otimizado. Montar rotas de caminhões, ligar seus depósitos e ver tudo funcionando sem problemas é recompensador. A cada otimização, você sente que a cidade acaba ficando mais viva, trabalhando e se expandindo com base nas suas fabricas, montadas a algum tempo.
Mecânicas inovadoras
Além da automação, Plan B: Terraform traz um elemento que lembra Cities: Skylines. Conforme você avança, precisa expandir cidades, lhe dando matérias de sua produção através dos centros de distribuição para sustentar a população e melhorar sua cidade, permitindo que ela cresça.
Há também uma visão estratégica global: um botão que mostra todos os depósitos de minério do planeta, facilitando o planejamento da expansão. Isso é essencial quando você precisa balancear mineração, produção e logística em grande escala.
Com o tempo, o desafio passa a ser menos “construir do zero” e mais “organizar o caos”. Cada novo desbloqueio aumenta a complexidade, mas sem nunca perder a clareza que o jogo propõe.
Visual e áudio
Visualmente, Plan B: Terraform aposta em um estilo minimalista e limpo. Não há realismo detalhado, mas sim clareza funcional. O foco está na legibilidade: fábricas, estradas e caminhões são fáceis de identificar mesmo quando o mapa está cheio de construções ou longe.
Os cenários transmitem bem a ideia de um planeta inóspito, árido e desabitado, que aos poucos vai ganhando vida com suas intervenções. Ver o contraste entre o vazio inicial e as cidades crescendo é uma das maiores recompensas visuais dentro do jogo.
A trilha sonora segue a mesma linha minimalista. Sons calmos e eletrônicos embalam a construção, criando uma atmosfera relaxante, quase meditativa. Os efeitos sonoros de extração, transporte e produção são sutis, mas satisfatórios, reforçando a sensação de progresso constante.
Desempenho
Em termos técnicos, o jogo é muito bem otimizado. Testado em um setup com I5 14400F, RTX 4060 ti e 32 GB de RAM, rodou de forma estável, sempre acima dos 100 FPS, mesmo em locais mais complexos e cheios de construções.
Afinal de Contas, vale a pena Plan B: Terraform?
Plan B: Terraform pode não ser algo totalmente novo dentro do gênero, mas encontra seu espaço ao combinar simplicidade com profundidade. É acessível para iniciantes, mas ainda assim desafiador para veteranos. O sistema de tasks te guia sem limitar, a progressão é satisfatória e a sensação de transformar um planeta deserto em um lar habitável é única.
Não é o título mais complexo ou com maior variedade de sistemas, mas é um jogo que sabe o que propõe e faz isso muito bem. Para quem gosta de logística, construção e planejamento, é uma experiência viciante e recompensadora.
NOTA
CONSIDERAÇÕES
Se você procura um jogo de automação relaxante, mas com propósito claro e sensação de progresso constante, Plan B: Terraform merece um lugar na sua biblioteca.