ASKA é a promessa de um mundo viking onde o tempo parece andar em ritmo diferente, mais lento, mais mastigado, mais denso. É um jogo que respira com calma, que pede paciência. Gosto muito dele exatamente por isso: não tenta gritar a cada esquina; prefere te convidar a construir algo com as mãos, a organizar vidas, a medir o impacto das tuas decisões sobre uma aldeia inteira. Sua proposta mistura sobrevivência, construção de colônia e um toque de gerenciamento que foge do óbvio, e essa mistura é, no fim, a alma de ASKA.
HISTÓRIA
ASKA não entrega uma grande saga de heróis e batalhas sangrentas, ele conta, na verdade, uma história de reconstrução. Você é um dos muitos escolhidos pelos deuses para criar uma nova colônia em um mundo selvagem e imprevisível. Não há um “vilão” clássico, mas há o frio, a fome, as tempestades e a solidão. O inimigo, muitas vezes, é o próprio tempo.
A história é sutil, contada através do cotidiano da aldeia, das relações que se formam, das tarefas que se repetem. É um jogo que transforma o ato simples de erguer uma cabana em um gesto simbólico. O enredo se molda às tuas ações, e é nessa sensação de estar construindo algo duradouro que o jogo se destaca.
Não há longos diálogos ou cenas cinematográficas; ASKA prefere o silêncio, o som da madeira sendo cortada, o vento nos vales e o crepitar do fogo. É uma narrativa que se sente mais do que se escuta.
GAMEPLAY
Jogar ASKA é sentar numa mesa antiga e reorganizar peças de um tabuleiro que continua a mudar sozinho. O núcleo do gameplay mistura sobrevivência pessoal (fome, sede, clima) com microgestão de uma comunidade, atribuir tarefas, gerir recursos, automatizar processos simples. A curva de aprendizado é gentil, mas a profundidade aparece quando a escala aumenta: de um abrigo improvisado a uma aldeia estruturada. Jogar sozinho é satisfatório; em grupo, no entanto, o jogo floresce, dividir papéis com amigos transforma o puxar de uma carroça num ritual compartilhado, e as lutas e eventos viram histórias que vocês vão repetir depois no chat. No coop é onde ASKA realmente brilha, com amigos, a experiência fica muito mais humana e imprevisível.
MECÂNICAS
As mecânicas de ASKA respiram construção sistemática: há automação rudimentar, caminhos de progresso tecnológico e um sistema de NPCs que pode ser tanto bênção quanto maldição. A IA dos aldeões, é boa e bem útil, mas também falta refinamento em situações complexas, o jogo às vezes pede que você seja um micro-gerente intrépido. A progressão de armas e edifícios pode parecer, para alguns, limitada, estruturas de níveis altos se parecem demais com as anteriores, e a variedade de opções ainda precisa de polimento.
VISUAL E ÁUDIO
Visualmente, ASKA tem momentos belíssimos: luzes filtradas pelos ramos, campos cobertos de névoa, pequenos detalhes de construção que dão alma ao vilarejo. A paleta é terrosa, levemente melancólica, adequada ao clima nórdico-rústico. Porém, nem tudo é perfeito, a forma como alguns cabelos são renderizados, tanto na tela inicial quanto em jogo, chama atenção de forma negativa, parece por vezes “colado” ou com clipping estranho, o que quebra a imersão num jogo que valoriza tanto o tato visual. A personalização de personagem também é um capítulo meio tímido: para um jogo de tema viking, esperava mais opções de estilos, trajes e variações étnicas que dialogassem com o mundo que se constrói. Essa falta de profundidade na customização é algo que faz falta para quem gosta de se ver representado com riqueza no avatar. No áudio, o trabalho é comedido e eficaz: trilhas que evocam brumas e martelos, sons de lenha crepitando e passos na neve, pequenos elementos que aumentam o peso emocional do cotidiano.
DESEMPENHO
Aqui, ASKA me surpreendeu positivamente.
Rodei o jogo em um setup com Ryzen 7 5700, 32 GB de RAM, RTX 4060 e placa-mãe B550M, e o desempenho foi excelente. O jogo manteve uma taxa de quadros estável mesmo em áreas densamente povoadas, com construções grandes e múltiplos aldeões em ação. Com tudo no Ultra, em 1080p e 1440p, o jogo se manteve fluido, praticamente sem travamentos perceptíveis. Em 1440p, a taxa de quadros variou entre 90 e 120 FPS, dependendo da densidade dos efeitos visuais, e em 1080p, ficou quase travada em 120 FPS constantes. As temperaturas também se mantiveram muito boas, com a GPU raramente passando dos 65°C e o processador em torno dos 55°C, o que mostra que o jogo está muito bem otimizado para hardwares modernos. Houve pequenos stutters ocasionais ao carregar novas áreas, algo comum em jogos de mundo semiaberto, mas nada que atrapalhasse a jogabilidade. O tempo de carregamento no SSD foi rápido, e o consumo de VRAM ficou em torno de 6 a 7 GB, o que é totalmente aceitável para o nível gráfico que o jogo entrega.
Resumindo: ASKA rodou lindamente no meu setup, com estabilidade, qualidade visual e uma performance que deixou claro o cuidado técnico da equipe.
CONCLUSÃO
ASKA me ganhou de forma silenciosa.
Não é o tipo de jogo que te impressiona com cenas cinematográficas ou combates explosivos, ele conquista pela calma, pelo senso de propósito e pelo sentimento de construir algo que importa.
É um jogo que valoriza o tempo, o esforço e a convivência. Que te recompensa não por correr, mas por permanecer.
Apesar de pequenas falhas, como a física dos cabelos e a personalização limitada, o conjunto é sólido e profundamente envolvente. ASKA consegue equilibrar sobrevivência, estratégia e narrativa de um jeito que poucos jogos do gênero conseguem. E quando se joga com amigos, o mundo se transforma: cada cabana, cada campo arado, cada noite passada sob tempestade vira uma memória compartilhada.
No fim, ASKA não é só um jogo sobre vikings.
É sobre humanidade. Sobre cuidar, planejar, criar e, de alguma forma, resistir.
E é por isso que gostei tanto dele.
Porque, entre o frio e a névoa, ele me fez sentir parte de algo vivo e essa é uma experiência que poucos jogos conseguem oferecer.
NOTA
CONSIDERAÇÕES
ASKA surpreende por entregar mais sentimento do que ação. Um jogo que te faz pensar, criar e se conectar de verdade. Difícil largar quando o vilarejo começa a ganhar vida.