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Review | Assassin’s Creed Shadows: Claws of Awaji (PC)

Uma expansão que flerta com a grandeza, mas tropeça na execução

A minha jornada em Assassin’s Creed Shadows já ultrapassava 70 horas quando a Ubisoft anunciou a expansão Claws of Awaji. A promessa era tentadora: uma nova ilha com mais de 10 horas de conteúdo, a continuação da história de Naoe e Yasuke e a introdução de uma arma inédita, o Bo Staff.

Assassin’s Creed Shadows: Claws of Awaji

Confesso que entrei com o coração dividido. Por um lado, a curiosidade genuína de revisitar aquele Japão feudal que me fascinou no jogo-base. Por outro, o receio de cair novamente nas mesmas frustrações que, para quem joga no PC, se tornaram quase inseparáveis da experiência. E, de certa forma, foi exatamente isso que aconteceu: Claws of Awaji é um paradoxo de momentos criativos e cativantes, misturados com limitações técnicas e uma narrativa que nunca se arrisca de verdade.

Ecos de um Fantasma

A expansão continua diretamente após os eventos do jogo principal. Naoe e Yasuke seguem até a ilha de Awaji em busca de Tsuyu, mãe de Naoe, apenas para caírem nas armadilhas da facção Sanzoku Ippa, que persegue um artefato conhecido como “Regalia”. O enredo introduz novos antagonistas, como Kimura Yukari e a enigmática Nowaki, mas nunca se aprofunda de forma memorável.

Assassin’s Creed Shadows: Claws of Awaji

O que realmente sustenta a narrativa não são as revelações ou diálogos, mas sim o próprio design da ilha. Awaji é um território hostil, sufocante, sempre sob opressão. As emboscadas inesperadas, inimigos disfarçados de civis e a sensação de estar sendo caçado dão à expansão um clima de paranoia constante. É nesse ambiente que a história encontra sua força, não nos roteiros.

Sempre à Espreita

Se o jogo-base já alternava entre ação e furtividade, Claws of Awaji eleva essa tensão. A ilha obriga a pensar diferente: com terrenos mais montanhosos e cheios de verticalidade, cada rota precisa ser calculada. Mais do que nunca, o jogador sente-se caçado.

Assassin’s Creed Shadows: Claws of Awaji

A dualidade entre os protagonistas continua a ser o coração da experiência. Yasuke encara o combate direto, enquanto Naoe brilha no stealth. E, embora ambas as abordagens sejam válidas, fica evidente que o design ainda favorece Naoe. A novidade é que certas mecânicas mudam de forma inteligente: enviar batedores, por exemplo, pode revelar alvos, mas também alertar os locais, virando o jogo contra você. Pequenas subversões como essa mantêm o frescor.

O Bastão e o Predador

O grande destaque mecânico é o Bo Staff, arma exclusiva de Naoe. Dividido em três posturas (alta, neutra e baixa), permite combos fluidos e ataques de precisão. Apesar de promissor, achei mais útil contra alvos individuais do que como arma de multidão.

Assassin’s Creed Shadows: Claws of Awaji

Mas o momento mais memorável da expansão é, sem dúvida, a luta contra Nowaki. Essa batalha me fez lembrar diretamente de Metal Gear Solid 3: uma caçada psicológica, onde ela se esconde entre manequins de palha e a única forma de rastreá-la é pela audição e pela Visão de Águia. É uma das batalhas mais criativas que já vi em toda a franquia.

Além disso, a Ubisoft aproveitou para implementar melhorias muito pedidas: aumento do nível máximo para 100, novas habilidades, melhorias no esconderijo e a possibilidade de avançar o tempo meditando. São detalhes que refinam o jogo-base e mostram que a expansão serviu também como atualização estrutural.

O Peso da Atmosfera

Visualmente, a ilha de Awaji é um espetáculo sombrio. Ao contrário das paisagens variadas do jogo principal, aqui tudo parece opressor: florestas densas, pântanos silenciosos, castelos austeros. É um espaço que transmite constante vigilância.

Assassin’s Creed Shadows: Claws of Awaji

O som é parte integral dessa imersão. A trilha durante a exploração é discreta, quase ambiental, deixando espaço para os ruídos da natureza e o silêncio tenso da furtividade. Já nos combates, a trilha dá uma guinada ousada: riffs de rock e batidas eletrônicas. Muitos vão achar destoante, mas eu encarei como uma escolha autoral, quase tarantinesca, que quebra a imersão de propósito para nos lembrar que estamos num espetáculo de ação. É arriscado, mas memorável.

O Fantasma que Não Vai Embora

Aqui está o maior calcanhar de Aquiles: a performance no PC. Joguei com Ryzen 7 5700x, 32 GB RAM, RTX 4060 e SSD NVMe, e ainda assim sofri com quedas bruscas de FPS, stuttering em menus e engasgos em cinemáticas.

Testando, descobri duas coisas:

  • O Ray Tracing vem ativado por padrão, e na RTX 4060 simplesmente não compensa. Para jogar acima de 60 FPS, precisei reduzir RTGI e usar DLSS em Qualidade com Frame Generation, mesmos com todas as outras configurações no maximo.

  • Existe um bug irritante ligado às sombras. Curiosamente, mudar a qualidade das sombras nas opções, aplicar e voltar, melhora o desempenho. É a típica “gambiarra” que não deveria existir em 2025.

O Legado de Awaji

Assassin’s Creed Shadows: Claws of Awaji é um paradoxo fascinante. Oferece uma das batalhas mais criativas da série, uma nova arma bem implementada e melhorias de qualidade de vida que refinam a base. Porém, sua história é esquecível, as missões secundárias repetitivas e os problemas de desempenho no PC são um peso impossível de ignorar.

No fim, Awaji não falha por falta de ideias, mas por não ousar o suficiente e por carregar uma herança técnica mal resolvida. É um DLC que poderia ter sido um divisor de águas, mas termina como mais um lembrete de que até os mundos mais belos podem ser corroídos por falhas invisíveis.

NOTA

8.0
★★★★★★★★★★

CONSIDERAÇÕES

No fundo, Claws of Awaji é como uma lâmina bela, mas mal afiada: brilha ao sol, corta em momentos raros, mas deixa claro que até a perfeição mais aparente se desfaz quando o fio não resiste ao tempo.

Gustavo Feltes
Gustavo Feltes
Eu amo jogar, jogar é uma parte de mim. Cada história, momento, universo e gameplay me encantam. Eu não tenho restrições de jogos, cada célula do meu corpo clama por isso.
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