Desde o momento em que vi Cipher Zero, fiquei intrigado e, de certa forma, apaixonado pela sua proposta. A ideia do jogo é original e, ao mesmo tempo, refrescante, sem gráficos realistas ou uma história complexa e envolvente, com o foco sendo totalmente outro. A experiência de Cipher Zero é sobre lógica, raciocínio e resolução de puzzles. Me senti atraído exatamente por essa proposta direta: um jogo que dispensa distrações e coloca o jogador diante de desafios mentais puros, com o simples objetivo de resolver quebra-cabeças cada vez mais complexos. E posso dizer sem arrependimento: valeu a pena.

Um universo minimalista sem enredo
Uma das primeiras coisas que você percebe ao iniciar Cipher Zero é a ausência de uma narrativa. Você não recebe explicações complexas sobre um mundo fictício, personagens com motivações emocionantes ou um enredo que precisa ser seguido. Em vez disso, o jogo simplesmente o coloca em um ambiente minimalista e objetivo, em que o avanço acontece apenas pela superação de desafios lógicos.
Embora isso possa parecer vazio à primeira vista, essa ausência de história funciona perfeitamente dentro da proposta do jogo. É quase como se Cipher Zero dissesse: “não se preocupe com contexto ou objetivos complexos, concentre-se apenas em re
solver puzzles”. Os cenários pelos quais você passa, vão desde lagos, fazendas e até uma usina servindo apenas como papel de parede. Eles são bem construídos para transmitir uma sensação de progresso visual à medida que você avança.
Clique, pense e solucione
A jogabilidade de Cipher Zero foge totalmente dos padrões tradicionais. Não há personagem para controlar, não há combate, nem mesmo um inventário de itens. A sua única ferramenta é o cursor do mouse, e é com ele que você interage diretamente com os elementos da tela.
A mecânica básica consiste em “acender” ou “apagar” blocos, seguindo regras lógicas que variam a cada fase. Essas regras é o ponto principal do jogo e se tornam rapidamente mais complexas. Exemplos simples incluem condições como “nesta fileira, apenas um bloco pode estar aceso”, ou “um bloco deve estar aceso obrigatoriamente ao lado deste glifo específico”. Conforme avançamos, o jogo introduz condições adicionais que precisam ser combinadas entre si para alcançar a solução correta, o que eleva bastante o nível de desafio.
Houve momentos durante minha jogatina em que me vi encarando a tela, tentando entender quais blocos precisavam ser alterados para cumprir todas as condições da fase. Essa sensação é comum em Cipher Zero, mas longe de ser frustrante, ela é parte do que torna a experiência tão gratificante para quem gosta de desafios.

Mecânicas e complexidade crescente
A variedade de mecânicas e elementos lógicos que aparecem nas fases é bem pensada e mantém a experiência interessante mesmo depois de horas de jogo. Entre os elementos mais presentes estão os “glifos”, que funcionam como símbolos com regras próprias e que precisam ser respeitadas para que o puzzle seja resolvido:
Dot: exige que um ou mais blocos estejam acesos ao lado dele;
Wire: demanda que você construa um caminho direto conectando dois pontos específicos no grade;
Pip: obriga que a quantidade exata de blocos acesos naquela linha seja obedecida.
A introdução desses glifos acontece de forma gradual, permitindo que o jogador se familiarize com cada conceito antes de ser obrigado a lidar com todos de uma vez. Mas à medida que eles começam a se combinar nas fases avançadas, a complexidade realmente se eleva: você precisa manter diversos raciocínios em paralelo para entender como cada ação interfere nas demais condições.
Além desses glifos, o jogo apresenta ainda o Cluster, um elemento que altera completamente a percepção dos puzzles. Antes compostos apenas de blocos individuais (1×1), a grade passa a incorporar formas maiores e irregulares, como quadrados 2×2 ou até triângulos. Isso obriga o jogador a pensar de forma diferente, calculando como cada bloco especial ocupa a grade e influencia a resolução do quebra-cabeça.
Atmosfera visual e sonora
Apesar de a estética ser minimalista, o visual de Cipher Zero é muito bem trabalhado. As áreas pelas quais você avança possuem estilos distintos, o que ajuda a quebrar a monotonia e a dar um senso de progressão mesmo sem uma história conduzindo a jornada. Os cenários variam entre tons frios e ambientes monocromáticos bem polidos, reforçando o foco no puzzle e evitando distrações desnecessárias.
Mas se os gráficos cumprem seu papel com competência, é a trilha sonora que realmente merece destaque. As músicas são cativantes, ambientando perfeitamente o clima de concentração e contemplação que o jogo exige. Cada vez que você resolve um puzzle, é recompensado com um pequeno som agradável, que reforça a satisfação de ter chegado à solução correta. Mesmo os efeitos sonoros nos menus são sutis, mas eficazes e nunca intrusivos, sempre integrados ao ritmo do jogo.
Esse cuidado com o áudio contribui diretamente para que Cipher Zero seja um jogo perfeito para “entrar no flow”: é fácil perder horas resolvendo puzzles enquanto a música e os sons suaves criam um ambiente relaxante, porém desafiador.

Desempenho
Testei Cipher Zero em um Intel i5 14400F, RTX 4060 Ti e 32 GB de RAM, com todas as configurações no máximo, não que o jogo exigisse muito. O desempenho foi impecável, tendo uma média constante de 250 FPS durante toda a jogatina. Além disso, os tempos de carregamento são praticamente instantâneos, o que ajuda a manter o ritmo de jogo rápido e sem interrupções desnecessárias.
Cipher Zero é um jogo que sabe exatamente o que pretende ser, e executa essa proposta com competência. Não há ambição de contar histórias complexas, criar personagens memoráveis ou mundos vastos e ricos em lore. Aqui, tudo gira em torno do desafio mental e da lógica pura. Para fãs do gênero puzzle, essa é uma experiência que vale muito a pena.
A variedade de mecânicas e o aumento gradual de dificuldade tornam cada nova fase interessante e desafiadora, sem nunca parecer injusta ou frustrante. O visual minimalista e estilizado complementa perfeitamente a proposta do jogo, e a trilha sonora relaxante eleva ainda mais a qualidade da experiência, criando um ambiente ideal para quem gosta de resolver quebra-cabeças sem pressa.
Embora sua dificuldade possa ser intimidante para iniciantes, Cipher Zero é uma ótima pedida para quem deseja testar o raciocínio lógico em um ambiente bem polido e agradável. No final das contas, ele entrega exatamente o que promete: uma jornada focada em puzzles inteligentes e bem construídos.
Cipher Zero está disponível para PC.
NOTA
CONSIDERAÇÕES
Cipher Zero é um excelente jogo, que dispensa enredos complexos e personagens elaborados, apostando em uma experiência minimalista e focada no essencial: lógica e resolução de puzzles. O avanço no jogo acontece através de desafios mentais cada vez mais complexos, com mecânicas bem construídas que exigem atenção e raciocínio estratégico. A estética limpa e a trilha sonora relaxante complementam perfeitamente a proposta, criando um ambiente ideal para quem busca se concentrar e testar suas habilidades sem distrações. Um prato cheio para fãs de quebra-cabeças que querem relaxar e pensar.