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Review | Familiar Stranger (PC)

Como um fã de jogos de terror, não pude ignorar Familiar Stranger, um título que promete, logo de cara, uma experiência intensa de horror psicológico. Desenvolvido por um estúdio independente, ele chega trazendo uma mistura intrigante de medo, emoções confusas e uma atmosfera que gruda na mente. Lançado recentemente para PC, o jogo se propõe a explorar temas delicados e sombrios, tudo sob a perspectiva de uma criança imersa em suas memórias fragmentadas. Confesso: a jornada me causou um misto de sensações, da tensão à reflexão, e aqui vou compartilhar tudo que vivi.

Familiar Stranger

A mente perturbada de uma criança e sua sombra inquietante

Em Familiar Stranger, a trama gira em torno de uma criança com uma mente claramente perturbada, atormentada por uma entidade chamada The Stranger. A narrativa é construída de forma a nos levar por um caminho tortuoso, cheio de memórias distorcidas, isolamento e aquela solidão sufocante que poucos jogos conseguem transmitir com tanta autenticidade. Enquanto avançamos, encontramos notas e fragmentos que revelam mais sobre o passado e os dilemas internos desse personagem, algo que me fez pensar bastante sobre desconfortos emocionais e o peso do isolamento. É uma história simples, mas com camadas que funcionam muito bem para manter o jogador preso na tensão e na curiosidade.

Familiar Stranger

Simplicidade que desafia a paciência

A jogabilidade em Familiar Stranger é relativamente simples: você anda, interage com objetos e resolve puzzles. Mas não se engane, os puzzles não são nada intuitivos. No começo, tive que explorar cada canto do cenário, tentando entender o que precisava ser feito, ligar um disjuntor, por exemplo, foi um desafio real para mim. Com o tempo, porém, fui percebendo padrões e as coisas ficaram mais claras, o que trouxe uma sensação gostosa de conquista.

Familiar Stranger

As perseguições contra The Stranger são momentos de adrenalina, mas pecam pela facilidade. A entidade tem a mesma velocidade que o jogador, o que permite dar voltas e “driblar” facilmente, quebrando um pouco da imersão. Em algumas delas, é preciso responder perguntas corretas para escapar, o que adiciona um toque de desafio, embora nem sempre funcione perfeitamente para manter o clima de ameaça constante.

Outro detalhe: o jogo não é nada intuitivo, especialmente no começo. Logo que inicia, você é instruído a ir até um quarto, mas o cenário é cheio de cômodos, e essa necessidade de explorar pode tanto encantar quanto irritar. Para mim, foi um misto dos dois.

Tecnologia vintage e sustos previsíveis

Um dos momentos que mais me surpreenderam foi quando passamos a usar um computador antigo, com Windows 7 e até um GPT 1.0 bem rudimentar. Essa parte é genial e muito perturbadora, me pegou de surpresa e trouxe um frescor na narrativa, além de um humor meio sombrio que funcionou bem para quebrar a tensão.

Familiar Stranger

A mecânica de agachar, no entanto, me incomodou bastante, dá a sensação de que o personagem está andando normalmente, diminuindo de tamanho, e isso atrapalhou um pouco minha movimentação.

Quanto aos jumpscares, eles funcionam, sim. Tomei vários sustos durante o jogo, mas depois de um tempo eles ficaram previsíveis. A escuridão presente em quase todas as áreas faz o isqueiro que carregamos parecer mais um elemento para conforto psicológico do que uma ferramenta realmente útil para enxergar, o que me deixou um pouco decepcionado.

Atmosfera tensa com pitadas de humor involuntário

Visualmente, Familiar Stranger é muito bonito e detalhado. A ambientação sombria é eficaz para construir aquele clima de horror psicológico que o jogo busca. No entanto, preciso admitir que o modelo de The Stranger me causou mais risadas do que medo, ele parece mais engraçado do que ameaçador, o que às vezes tira um pouco a seriedade da experiência.

Familiar Stranger

A trilha sonora e os efeitos sonoros contribuem para aumentar a tensão, com sons ambientes que ajudam a criar uma sensação constante de desconforto. O uso de luz e sombra é crucial para o clima do jogo, ainda que o visual geral tenha alguns pontos que poderiam ser mais refinados, especialmente em relação ao sistema de iluminação.

Pesado, mesmo para máquinas robustas

Joguei Familiar Stranger em um PC com Ryzen 5 3600, RTX 4060 e 32 GB de RAM dual channel a 3600 MHz, com os gráficos no extremo e alto, e o desempenho ficou entre 40 e 50 FPS. Isso já demonstra que o jogo é bastante pesado para rodar, e mudar as configurações para níveis menores não trouxe grandes ganhos de desempenho.

Além disso, o jogo conta com um sistema de iluminação chamado Lumen, que deixa toda iluminação mai realists, mas sinceramente não notei uma diferença significativa no FPS quando o desativei, e a aparência do jogo ficou menos agradável.

Um passeio inquietante que vale a pena, apesar dos tropeços

No fim das contas, Familiar Stranger me entregou uma experiência que mescla bem terror psicológico com uma narrativa reflexiva e visual imersivo. Apesar de não prender completamente a atenção e se tornar um pouco previsível em alguns momentos, ele tem aquele poder de mexer com a cabeça do jogador, especialmente por trazer temas como solidão, isolamento e medo do desconhecido.

Se você é fã de jogos de terror que fogem do óbvio, gosta de explorar histórias conturbadas e sente prazer em puzzles que desafiam o raciocínio, Familiar Stranger pode ser uma aposta interessante. Só fique atento às perseguições que quebram um pouco a imersão e ao modelo da entidade, que não chega a assustar como deveria.

No geral, é um jogo que me fez refletir e sentir, mesmo com suas falhas. E no horror, mais do que o medo fácil, são essas sensações desconfortáveis que permanecem na mente e marcam a experiência. Familiar Stranger conseguiu isso comigo.

NOTA

8.0
★★★★★★★★★★

CONSIDERAÇÕES

Familiar Stranger é um jogo que provoca sensações intensas e reflexivas, mesmo com falhas na jogabilidade e no design da entidade. Seu terror psicológico e narrativa envolvente fazem valer a experiência para quem busca algo diferente no gênero.

Gustavo Feltes
Gustavo Feltes
Eu amo jogar, jogar é uma parte de mim. Cada história, momento, universo e gameplay me encantam. Eu não tenho restrições de jogos, cada célula do meu corpo clama por isso.
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