O caos do mundo para um mago aprendiz. Desenvolvido pela UpFox Labs e publicado Numskull Games, Folly of the Wizards é um roguelite 2d cômico onde um aprendiz de mago desajeitado enfrenta o caos que voltou para o mundo com várias magias e exploração de masmorras geradas de maneira procedural.
Uma nova ameaça retorna
Folly of the Wizards apresenta um universo relativamente simples, porém com ganchos narrativos interessantes. Após uma antiga batalha entre magos e demônios, as criaturas infernais haviam desaparecido, consideradas extintas. Com o passar dos anos, os magos de elite envelheceram e perderam parte de sua influência, e o mundo acabou sendo surpreendido pelo retorno dos demônios.
Sem alternativas, a ordem arcana envia seu principal aprendiz desajeitado, inexperiente e cheio de boas intenções para investigar e conter o ressurgimento do mal. A trama caminha de forma leve, com humor presente nos diálogos e nas reações do protagonista, mas também deixa pontas soltas: alguns NPCs dão indícios de que a memória do mago foi manipulada, o que adiciona uma camada de mistério ao enredo.
Um dos pontos fortes é o sistema de afinidade com NPCs. Conforme o jogador interage e realiza tarefas para certos personagens, a relação se desenvolve e isso pode alterar o final da run. Essa mecânica incentiva múltiplas jogadas para descobrir desfechos alternativos e pequenas variações de narrativa, o que, combinado ao formato roguelite, amplia a longevidade do título.

Plataformas, magias e decisões rápidas
A jogabilidade segue fórmulas conhecidas do gênero, mas com execução competente. O combate combina ataques básicos, habilidades especiais e uma esquiva com cooldown, além de alguns elementos de plataforma que exigem movimentação precisa. O ritmo costuma ser ágil: entradas e saídas rápidas das salas criam uma cadência de jogo que privilegia decisões táticas e gerenciamento de recursos.
As salas são, na maioria das vezes, pequenos arenas onde é preciso derrotar todos os inimigos para progredir. Os oponentes, em geral, não são excessivamente difíceis isoladamente, mas se tornam incômodos em conjunto, especialmente os que usam projéteis, que compõem a maior parte dos adversários. Elementos de cenário que causam dano e inimigos de elite aumentam a complexidade, exigindo cuidado na movimentação e escolha de habilidades.

A progressão dentro de cada run depende muito de escolhas aleatórias: relíquias, melhorias e feitiços são distribuídos de forma imprevisível, e isso é parte do charme e da frustração do roguelite. O aprendizado vem ao experimentar combinações de relics e descobrir sinergias entre habilidades elementares e itens passivos.
Relíquias e sacrifícios mágicos
A economia do jogo é propositalmente instável: o dinheiro aparece de forma aleatória e, frequentemente, em quantidades modestas. Mercadores existem e vendem melhorias úteis, mas depender somente deles pode ser arriscado devido à irregularidade da renda. Em contrapartida, há opções de risco/retorno, como o ritual da bruxa de sangue que permitem trocar parte da vida por relíquias, feitiços elementais, moeda ou recuperação de um coração. Esse sistema cria decisões morais e estratégicas interessantes, já que sacrificar vida pode aumentar consideravelmente seu poder, mas acaba deixando mais vulnerável.
As relíquias são centrais para a personalização do personagem: algumas melhoram atributos, outras adicionam efeitos elementais ou modificam a maneira como as habilidades funcionam. Encontrar uma combinação favorável entre relíquias e feitiços é frequentemente o que diferencia uma run bem-sucedida de uma que termina cedo.
Professores, demônios e batalhas equilibradas
Os chefes são, sem dúvida, o momento alto do jogo. Embora muitos sejam variações maiores de demônios, alguns se destacam por serem ex-professores do protagonista, antigos magos que por motivos obscuros desejam sua morte. Essas lutas tendem a ser mais desafiadoras do que encontros comuns, mas mantêm um equilíbrio justo: são exigentes sem serem injustas.

Os padrões de ataque costumam ser claros e reconhecíveis, o que favorece o aprendizado do jogador e recompensa a observação. Ainda assim, a repetição de algumas músicas entre os chefes (um ponto que poderia ser melhorado) diminui um pouco a memorabilidade dessas batalhas do ponto de vista sonoro; o brilho dos confrontos vem mais do design visual e mecânico do que da trilha.
Simples, carismático e funcional
O aspecto visual é simples, mas bem executado. A estética não busca realismo nem grandiosidade: prioriza clareza e carisma, com sprites e cenários que comunicam bem cada inimigo e elemento de cenário. O tom leve da arte combina com o humor do jogo e ajuda a reforçar a identidade do título.
A trilha sonora funciona como um apoio atmosférico, embora seja discreta. Há poucas faixas ao longo do jogo, e a repetição da mesma música em chefes diferentes é um ponto fraco, reduz a distinção entre confrontos importantes. Mesmo assim, a ambientação sonora cumpre seu papel: não incomoda e, em muitos momentos, acompanha de forma adequada a ação.
Uma experiência fluida, sem grandes falhas
O jogo não aparentou algum bug durante minha jogatina e também o jogo rodou muito bem, numa média de 200 FPS.
Joguei o jogo na seguinte configuração:
- Intel i5 12400f
- 16GB RAM
- RTX 3060
Requisitos do jogo:
- Intel Core i3 6100
- 4 GB de RAM
- NVIDIA GeForce GTX 650 | AMD R7 360
Uma aventura leve com espaço para crescer
Folly of the Wizards se destaca por oferecer uma experiência leve e divertida dentro do gênero roguelite. Suas runs curtas e a presença de múltiplos finais tornam o jogo ideal para quem gosta de repetir partidas e testar novas combinações de relíquias e feitiços. O sistema de afinidade com NPCs acrescenta um toque narrativo interessante, incentivando o jogador a explorar diferentes caminhos e interações para descobrir tudo o que o jogo pode oferecer.
A dificuldade é bem dosada: mesmo com alguns desafios pontuais, a curva de aprendizado é acessível, permitindo que tanto iniciantes quanto jogadores mais experientes encontrem algo divertido aqui. A estética simples e carismática, somada ao tom leve da narrativa, ajuda a criar uma identidade própria, ainda que o enredo não seja profundo.
Por outro lado, certos elementos poderiam ser refinados, como a variedade limitada da trilha sonora, especialmente nas batalhas contra chefes e o sistema econômico, que depende bastante da sorte. Apesar disso, essas limitações não comprometem a diversão geral.
No fim, Folly of the Wizards entrega exatamente o que promete: um roguelite sólido, com boa rejogabilidade e mecânicas consistentes, ideal para quem busca uma aventura rápida, acessível e cheia de personalidade.
NOTA
CONSIDERAÇÕES
Folly of the Wizards é uma experiência divertida com uma curva de aprendizado rápida e com boss fights simples, é um bom jogo para se divertir e talvez se estressar.
