Quando cliquei em “Novo Jogo” em Holy Shoot, não fazia ideia da jornada insana que estava prestes a começar. O jogo não enrola: já de cara, uma cutscene com artes absurdamente estilosas me jogou direto no coração do inferno. O visual é quase cartunesco, mas com uma personalidade marcante e um jeito único de me colocar no meio do caos.
Narrativa
A história é direta ao ponto, mas funciona muito bem: guerreiros celestiais descem até o inferno para derrotar sete demônios, cada um representando um dos pecados capitais. A cada vitória, além de acabar com uma entidade infernal, eu recuperava um artefato sagrado essencial para libertar os anjos. Essa estrutura me deu motivação constante, tornando cada chefe derrotado não só um desafio vencido, mas um avanço real na narrativa.
Jogabilidade frenética e viciante
Se você já mergulhou em jogos como DOOM, Metal: Hellsinger, Borderlands ou Hades, já tem uma ideia do que esperar, mas Holy Shoot ainda consegue se destacar. O ritmo é insano. Não tem tempo pra respirar. A movimentação exige reflexos o tempo inteiro: eu pulava, deslizava, explodia tudo e desviava de ataques como se estivesse dançando sobre brasas. O formato roguelike procedural garante que cada run seja única.
As salas são geradas aleatoriamente, com inimigos variados, armadilhas traiçoeiras e recompensas que mudam conforme o caminho escolhido. Num momento, estou lutando contra hordas em plataformas flutuantes; no outro, fugindo de caveiras verdes flamejantes em corredores sufocantes. As armas, além de eficazes, têm um design criativo e bem-humorado.
Armadilhas: tensão a cada passo
Algo que realmente me marcou foram as armadilhas. São muitas. E cruéis. Em alguns momentos, bastou um pequeno vacilo para eu acabar derretido em lava. Em outros, esferas de nuvens surgiam do nada, causando um dano absurdo se eu não estivesse atento.
Alguns inimigos apareciam apenas para lançar bombas do além. Lembro de entrar em uma sala que parecia calma, fui explodido antes de entender o que estava acontecendo. Também me vi em apuros com barris de gasolina: um tiro mal posicionado e pronto, tudo virou fogo. E ainda havia os de toxina, que me deixavam envenenado e praticamente imóvel.
Esses perigos me forçaram a jogar com atenção máxima. A tensão era constante, o que, somado ao ritmo acelerado da ação, criava uma sensação de adrenalina contínua. Relaxar? Nem pensar. É o tipo de design que eleva o roguelike a outro nível.
Um toque de humor no inferno
No meio de tanta pancadaria, o jogo ainda arruma espaço para me fazer rir. Esqueletos dançantes surgem aleatoriamente, em poses ridículas, mesmo durante os combates mais intensos. Outros ficam presos em jaulas, apontando direções ou apenas me encarando de maneira estranha. São detalhes que quebram a tensão e mostram o quão criativo é esse universo.
Personagens jogáveis e builds
Atualmente, o jogo tem dois personagens jogáveis — e ambos são um show de controlar:
- Supersonic Samuel: como o nome já entrega, é veloz, agressivo, com uma habilidade que desacelera o tempo ao redor dos inimigos. Perfeito pra quem curte entrar, matar e sumir antes que algo reaja.
- Toshiko Techno: mais cerebral, focada em gadgets como torretas automáticas. Ideal para quem prefere estratégia e controle de campo.
Cada um tem sua própria árvore de habilidades, o que me levou a experimentar estilos completamente diferentes entre uma run e outra. Na segunda jogada, já estava apostando em builds novas — e o gameplay mudou totalmente.
Progressão, upgrades e ritmo
O controle é preciso. Os movimentos têm peso, mas não me senti travado em nenhum momento. A evolução funciona com “almas demoníacas”, obtidas ao derrotar inimigos ou completar desafios. Elas servem para desbloquear novas habilidades, armas e upgrades permanentes — o que torna até uma morte frustrante em parte recompensadora.
Outro ponto alto: a companheira voadora que me acompanha. Ela não para de falar — ora solta piadas sarcásticas, ora me dá broncas hilárias por morrer de formas patéticas. Pensei que fosse me irritar, mas virou um tempero divertido na experiência
Visual e trilha sonora
Graficamente, Holy Shoot é um deleite. Um estilo cartoon vibrante, mas com infernos cheios de detalhes criativos e cenários únicos. Em várias salas, senti vontade de pausar só pra admirar o cenário.
A trilha sonora é simplesmente insana. Metal pesado, cravado em cada dash, tiro e explosão. A sincronia entre música e ação me deixou vidrado por horas — um verdadeiro show de ritmo e pancadaria.
Desempenho e problemas técnicos
Apesar de rodar bem na maior parte do tempo, tive problemas sérios com desempenho. Estou jogando em um PC com placa de vídeo RX 6750XT, processador Ryzen 7 5700G e placa-mãe B550M Aorus Elite, uma máquina que aguenta quase tudo no ultra. Mesmo assim, o FPS oscilava de 400 para 30-40 durante combates intensos. Isso quebra o ritmo e tira um pouco da imersão.
Entre salas, o jogo ainda dava lags de alguns segundos, nada fatal, mas desconfortável. E o sistema de legendas? Cheio de erros, falas trocadas, traduções fracas… às vezes, nem legenda aparecia. Para um jogo que investe tanto em personalidade, isso compromete um pouco a entrega.
Encontrei também alguns bugs menores. Um deles foi com uma arma que simplesmente não emitia som, e isso impacta muito mais do que parece. Em um jogo tão sonoro, esse tipo de falha não pode passar batido.
Conclusão
Passei mais de 6 horas seguidas imerso nesse jogo e posso afirmar: Holy Shoot tem alma. É intenso, estiloso, desafiador — e acima de tudo, divertido. Mesmo com quedas de FPS e alguns bugs, não consegui largar. Cada nova run era uma chance de montar uma build inédita, testar caminhos alternativos e enfrentar os chefes com novas estratégias.
Se você curte FPS acelerado, adora metal como trilha de destruição e tem um certo gosto por humor sarcástico, Holy Shoot é uma bala certeira.
NOTA
CONSIDERAÇÕES
Holy Shoot é como uma guitarra distorcida tocando em meio a chamas — barulhento, caótico, imperfeito, mas incrivelmente vivo. Não é um jogo sobre perfeição, é sobre sensação. E essa sensação vai ecoar na sua mente muito depois de sair do inferno. Pois esse jogo, em pouco tempo, conseguiu me prender.