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Review | Lost Soul Aside (PS5)

Desde pequeno, cresci cercado por jogos hack n’ slash. Esse gênero sempre me fascinou pela velocidade, pelo impacto e pela sensação quase coreografada de estar no controle de uma dança de aço e sangue. Quando ouvi falar de Lost Soul Aside, confesso que minha curiosidade foi imediata. Um título nascido de um projeto independente, carregando a promessa de unir ação cinematográfica com um combate frenético, era tudo o que eu poderia querer. A expectativa só cresceu ao descobrir que sua origem remonta a um único desenvolvedor, Yang Bing, que em 2014 chamou a atenção da Sony ao compartilhar um protótipo criado no Unreal Engine 4.

Lost Soul Aside review

E agora, tendo finalmente mergulhado nessa aventura no PlayStation 5, posso dizer: Lost Soul Aside é um jogo que entrega momentos de puro brilho, mas também tropeça em pontos que poderiam ter sido melhor desenvolvidos. Ainda assim, é uma experiência que conseguiu me prender até o fim e me deixou pensando sobre até onde a ambição pode levar um gênero tão querido.

Sombras e lembranças

A trama de Lost Soul Aside acompanha Kazer em sua jornada para recuperar a alma de sua irmã, devorada pelas criaturas conhecidas como Voidrax. É uma premissa direta, que mistura drama pessoal com fantasia épica. Ao longo dessa busca, Kazer encontra Arena, um dragão imponente que concede poderes ao protagonista.

Lost Soul Aside review

Arena foi, sem dúvida, o personagem que mais me marcou. Existe nele um equilíbrio curioso entre generosidade e arrogância, o que o torna memorável e quase magnético. Já Kazer, por outro lado, me pareceu apagado. Sua falta de carisma acabou tornando difícil me importar de verdade com sua jornada. Outros personagens também não tiveram o desenvolvimento necessário para despertar apego, o que é uma pena, já que o universo em si sugere histórias mais profundas do que as que foram mostradas.

Ainda assim, há momentos narrativos de impacto que me fizeram soltar um “nossa!” diante da escala e da ousadia das cenas. O enredo pode não ser o ponto mais forte, mas cumpre seu papel de sustentar a jornada.

O coração do combate

Se a narrativa deixa a desejar em alguns pontos, o combate compensa. Lost Soul Aside é, antes de tudo, um hack n’ slash, e nesse aspecto ele brilha. O sistema de combos é variado e viciante. Segurar o botão certo no momento certo gera ataques em área que me fizeram sorrir de satisfação.

Lost Soul Aside review

A progressão é outro ponto que me agradou muito. Melhorar armas como a espada principal libera novos combos e amplia as possibilidades de combate. É o tipo de sistema que recompensa a curiosidade e me fez querer experimentar cada variação. Além disso, os poderes de Arena trazem camadas adicionais de estratégia. Invocar torretas, criar jaulas de energia ou manipular ataques elementais foi divertido, embora eu esperasse algo ainda mais impressionante diante de como o dragão falava sobre suas próprias habilidades.

O ritmo de lutas contra chefes, porém, me deixou dividido. Em Lost Soul Aside, praticamente a cada cinco minutos eu estava em um novo duelo contra um boss. Essa abundância até empolga, mas a falta de desafio real diminuiu o impacto. Os inimigos são resistentes, mas raramente desafiadores. Ainda assim, a variedade de inimigos comuns manteve as batalhas frescas.

Entre espadas e escolhas

O jogo oferece um sistema sólido de parry e esquiva. A sensação de acertar o tempo perfeito, ver a animação disparar e contra-atacar com estilo foi uma das minhas partes favoritas. Tudo é muito responsivo e visualmente recompensador.

Gostei também da liberdade para alternar entre espadas e criar combos insanos. Essa flexibilidade trouxe dinamismo às batalhas e me fez sentir constantemente motivado a experimentar. Os poderes de Arena, equipáveis em até três slots simultâneos, expandem essa versatilidade.

Lost Soul Aside review

Há, porém, algumas decisões de design que me causaram estranhamento. Um exemplo é o item que reduz o dano recebido e aumenta o dano causado após derrotas consecutivas. Em pouco tempo, eu já estava com 50% a menos de dano sofrido. Isso me pareceu uma tentativa artificial de facilitar a progressão, algo que pode quebrar a imersão de jogadores que buscam um desafio mais consistente.

Quanto aos puzzles, eles aparecem aqui e ali, mas são excessivamente simples. Não chegam a comprometer a experiência, mas também não adicionam a profundidade que poderiam.

Um espetáculo imperfeito

Visualmente, Lost Soul Aside é deslumbrante. Cada cenário parece carregado de personalidade própria, com biomas e mapas que não se repetem e criam uma sensação de grandiosidade. A direção de arte se destaca por trazer diversidade, enquanto os gráficos detalhados no PS5 deixam tudo mais imersivo e agradável aos olhos.

Lost Soul Aside review

No campo do áudio, a experiência foi igualmente satisfatória, pelo menos na maior parte do tempo. A trilha sonora acompanha bem o ritmo do jogo e os efeitos sonoros do combate são empolgantes. No entanto, me incomodaram cortes abruptos durante algumas cinemáticas, em que o som simplesmente desaparecia. Não é algo constante, mas é perceptível e quebra um pouco a atmosfera.

Fluidez com pequenas quedas

Jogando no PS5 base, Lost Soul Aside manteve uma boa performance. O jogo roda a 60 FPS de forma estável na maior parte do tempo, o que é essencial para um hack n’ slash que depende tanto de reflexos rápidos. Houve alguns momentos em que percebi quedas na resolução, mas nada que comprometesse a jogabilidade ou tirasse meu entusiasmo.

É um desempenho sólido para um título tão ambicioso, especialmente considerando suas raízes como projeto independente.

O peso da ambição

Lost Soul Aside é um jogo que me deixou dividido. Ele entrega um combate viciante, variado e satisfatório, capaz de me prender por horas, mas falha em construir uma narrativa e personagens que realmente marquem. O visual impressiona, a trilha sonora empolga, e a progressão das mecânicas é instigante. Os puzzles simples, o excesso de chefes pouco desafiadores e algumas escolhas de design tiram um pouco do brilho.

Ainda assim, não posso negar o quanto me diverti. Esse é um jogo que respira a paixão de seu criador e mostra o quanto o gênero hack n’ slash ainda pode emocionar. Se Lost Soul Aside tivesse sido apenas mais um clone de Devil May Cry ou Final Fantasy, talvez fosse esquecido rapidamente. Mas ele é, de fato, um lembrete de que a ambição, mesmo com falhas, pode gerar experiências que ficam na memória.

Quando desliguei o console depois dos créditos, não foi a história de Kazer que ficou comigo, mas sim a sensação visceral de cada batalha. Para mim, esse é o verdadeiro legado de Lost Soul Aside: provar que o gênero que marcou minha infância ainda é capaz de me surpreender e me fazer sorrir como antes.

NOTA

8.0
★★★★★★★★★★

CONSIDERAÇÕES

Lost Soul Aside é um espetáculo visual com um combate viciante, mas que tropeça em narrativa e escolhas de design. Ainda assim, entrega momentos memoráveis e reafirma a força do hack n’ slash para quem busca pura ação estilosa.

Gustavo Feltes
Gustavo Feltes
Eu amo jogar, jogar é uma parte de mim. Cada história, momento, universo e gameplay me encantam. Eu não tenho restrições de jogos, cada célula do meu corpo clama por isso.
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