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Review | Luto (PC)

Presa com meus próprios fantasmas

Luto é um jogo de terror psicológico que mexe muito mais com o emocional do que com sustos baratos. Desenvolvido pela Broken Bird Games, ele aborda temas extremamente sensíveis como luto, depressão, ansiedade e a dificuldade de seguir em frente. Desde o primeiro minuto, o jogo me prendeu, não só pela ambientação impecável, mas porque me vi demais no protagonista. Foi uma experiência intensa, que me deixou arrepiada e, em certos momentos, me forçou a pausar pra respirar.

Luto

A história de Samuel, o protagonista que não consegue sair de casa, me pegou de um jeito que eu não esperava. Em vários momentos eu me vi ali, naquele ciclo claustrofóbico, naquela luta silenciosa pra seguir em frente mesmo sem saber como.

Uma casa que dói lembrar

A narrativa gira em torno de Samuel, um homem que simplesmente não consegue sair de casa. A sensação de aprisionamento é constante, tanto física quanto emocionalmente, e aos poucos vamos entendendo os motivos dessa paralisia. A história é contada de forma tranquila, por meio de objetos, cartas, vozes e memórias. Nada é entregue de forma direta, mas tudo está ali, esperando para ser sentido e interpretado.

Luto

O uso da casa é incrível. Cada cômodo, cada corredor, cada porta trancada representa algo. É como se estivéssemos andando pelos cantos da mente de Samuel, e cada canto revela um pedaço da dor que ele carrega. Para quem já passou por momentos de tristeza profunda, ansiedade ou luto, essa representação toca fundo. A sensação de não conseguir sair, de estar preso em um lugar familiar que virou um labirinto hostil, é algo que Luto retrata com uma precisão emocional assustadora.

Luto

O mais bonito é que, mesmo mergulhado nessa escuridão, Luto ainda carrega uma pequena luz. Há momentos em que o jogo te faz acreditar que é possível sim encontrar saída, mesmo que aos poucos. Essa esperança é o que dá força para continuar explorando, mesmo nos momentos mais tensos.

GAMEPLAY

Não espere ação, combate ou inimigos tradicionais. Luto é uma experiência mais contemplativa, voltada para a exploração e descoberta. O jogo te guia através de ambientes que se transformam diante dos seus olhos, corredores que se alongam, portas que desaparecem, cômodos que parecem ter saído de um sonho (ou pesadelo).
Mesmo sem monstros te perseguindo, a tensão é constante. Eu fiquei com medo real, mesmo sem saber exatamente do quê. É o tipo de terror que vem da atmosfera, do silêncio, do desconforto.

Luto

Aliás, Luto até tem alguns jump scares, mas não são aqueles jogos cheios de jump scares baratos que são colocados a todo momento. Raramente tem, mas quando acontecem, é porque servem para aquele momento e é perfeito, me assustei de verdade com eles e ri bastante depois pelo susto hahaha. Cada barulho, cada sombra podia ser uma armadilha emocional e isso deixou o jogo incrível.

MECÂNICAS

As mecânicas são simples, mas funcionam muito bem dentro da proposta. Andar, interagir com objetos e resolver pequenos puzzles são suas únicas ferramentas. E isso é suficiente. O foco aqui não é desafiar sua habilidade, mas sua mente. Os puzzles te forçam a prestar atenção nos detalhes, a conectar memórias, sons e símbolos.

Luto

Há algo muito interessante na forma como o jogo usa a repetição. Refazer o mesmo caminho, abrir a mesma porta, passar pelo mesmo espelho quebrado, tudo isso reforça a sensação de permanecer preso no mesmo lugar por muito tempo que o personagem sente. E quando algo muda, por menor que seja, o impacto é enorme. Isso casa perfeitamente com a proposta narrativa: te fazer refletir, observar e sentir.

O silêncio que grita

É aqui que Luto brilha de forma absurda. A ambientação é densa, sufocante, com uma estética que mistura realismo com surrealismo. Às vezes, tudo parece normal, até que você percebe que há algo errado. Os sons do ambiente mesmo que as vezes sutis, vão aos poucos te deixando tenso até você perceber que está realmente com medo e em choque, achando que a qualquer momento algo vai vir atrás e te pegar.

O silêncio contribui pra sensação de estar sendo observado, jogando de fone me senti muito tensa enquanto jogava, e isso tudo por conta da ambientação e dos sons. Teve hora que precisei literalmente pausar o jogo, levantar, respirar fundo e me lembrar que estava tudo bem.

A trilha sonora quase inexistente reforça o sentimento de vazio, e a voz do narrador, é marcante e emocionante. Como se estivesse sempre à beira de revelar algo que você não quer ouvir. E isso, dentro da proposta do jogo, funciona muito bem.

DESEMPENHO

Joguei Luto no meu setup com uma RTX 4060, 32GB de RAM e processador Ryzen 7 5700, e a performance foi simplesmente impecável. Mantive tudo no máximo, com 60 fps constantes, mesmo nas áreas mais carregadas de partículas, sombras e transições de ambiente. Dá pra ver que o jogo foi muito bem otimizado, porque mesmo com toda a complexidade visual e atmosfera densa, ele roda suave do começo ao fim.

CONCLUSÃO

Luto me marcou de um jeito que poucos jogos conseguiram. É um terror psicológico e uma vivência emocional. Me vi no Samuel. Senti a dor dele. Me senti presa com ele. E também lutei, com ele, pra seguir em frente.

É uma experiência curta, com cerca de quatro a cinco horas de duração, mas extremamente impactante. Um jogo que mexe com o psicológico, que te assusta sem precisar mostrar monstros. Ele te faz sentir.

NOTA

9.0
★★★★★★★★★★

CONSIDERAÇÕES

Luto é uma experiência emocional que caminha lado a lado com seus medos mais íntimos. Ele não só me assustou com sua atmosfera densa, mas me emocionou com sua sinceridade brutal. É um daqueles jogos que não se esquecem. Porque ele não só conta uma história, ele entende a sua.

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Luto é uma experiência emocional que caminha lado a lado com seus medos mais íntimos. Ele não só me assustou com sua atmosfera densa, mas me emocionou com sua sinceridade brutal. É um daqueles jogos que não se esquecem. Porque ele não só conta uma história, ele entende a sua.Review | Luto (PC)