Review | Perennial Order (PC)

Um cavaleiro que nasceu da morte. Desenvolvido pela Gardenfiend Games e publicado pela SOEDESCO, Perennial Order é um Boss Rush 2D com estilo artístico pintado à mão. O jogo se passa em uma era de trevas, onde as plantas se transformaram em criaturas monstruosas que atormentam a ordem. É um título sombrio, desafiador e que aposta em combates intensos contra inimigos váriados, sempre mantendo um clima de tensão e mistério.

Fragmentos de um jardim em ruínas

Dentro de uma planta colossal, surge um cadáver esquelético, trajando uma armadura incompleta e sem um dos braços. Esse corpo sem vida é despertado após uma voz misteriosa declarar que o protagonista, conhecido como Cavaleiro Perene, é sua mais nova criação. Essa entidade, de intenções obscuras, deseja apenas uma coisa: testar o potencial de sua criatura.

O cavaleiro, ao se levantar, encontra sua arma e recebe um fragmento do poder dessa voz, que logo lhe dá uma missão clara: eliminar as criaturas chamadas de Pestes do Jardim.

A narrativa de Perennial Order é simples, mas envolvente. Ela é transmitida de forma fragmentada, seja por meio de cutscenes curtas e minimalistas, seja através do contato com alguns NPCs, ou ainda pelo diário que o protagonista recebe. Esse diário registra informações sobre os inimigos derrotados, obstáculos encontrados, além de claro, após a queda de cada chefe. Essas mensagens, a princípio fora de contexto, passam a fazer mais sentido conforme se aprofunda no conteúdo e conecta os fragmentos de história.

Essa abordagem narrativa lembra bastante obras de estilo soulslike, onde o enredo não é entregue de maneira direta, mas sim através de pistas e detalhes que estimula a curiosidade.

Diversidade no coração da batalha

Perennial Order tem uma gameplay muito boa e fluida, exigindo uma precisão bem grande caso o objetivo seja acabar com a batalha o mais rápido possível, principalmente por ser baseado em fazer cada combate ser No Hit, ou seja, não pode tomar dano, o que pode parecer meio injusto, mas não é, o jogo é incrivelmente justo em seu combate, fazendo com que seja fácil de aprender os padrões, alguns bosses tem segunda fase, mas não é nada de outro mundo, facilmente podendo se adaptar.

Eu gostei muito que cada combate é único também, nenhum Boss vai ter as mesmas mecânicas que o outro, é um desafio diferente a cada boss enfrentado.

Florete, essa é a única arma do jogo, mas ainda sim é uma arma que é possível melhorar, mas isso é após concluir a primeira parte do jogo, quando se desbloqueia a cidade. Esse florete tem 3 tipos de ataque, sendo o mais fraco possível, onde apenas com um click ele é realizado, o ataque normal que se segura mais um pouco e o crítico, que vai exigir mais precisão na hora do ataque, mesmo que tenha um medidor para mostrar a hora de dar o golpe crítico, que dará mais 50% de dano. Eu desequipei essa habilidade de mostrar o medidor por outras habilidades que acabaram precisando de mais memória.

As memórias são tem um funcionamento simples, as habilidades consomem espaços de memórias, que inicialmente são 3, eu vi que tinha habilidades que facilitariam bastante a minha gameplay, então de imediato tirei o medidor, mas ainda sim é fácil saber a hora do crítico, que é quando a arma brilha, que é o sinal que precisa soltar imediatamente, se não, será um golpe normal.

As habilidades ofensivas consomem Wisps, um poder entregue pela voz misteriosa, que permite a esquiva que gasta 1 de 3 Wisps, esses wisps tem como aumentar através de espaços de memória, como as habilidades.

A dualidade entre conforto e terror

Se a gameplay é sólida, a direção de arte é simplesmente deslumbrante. O estilo pintado à mão, com tons escuros e pinceladas que evocam decadência, dá ao jogo uma atmosfera única. Há uma sensação constante de perigo, reforçada pelo fato de que basta um golpe para a morte chegar.

Cada criatura possui um design que combina perfeitamente com seu ambiente, reforçando a ideia de que tudo no jardim é hostil e sem esperança. Os visuais transmitem uma estranha mistura de beleza e horror, tornando cada encontro memorável de certa forma.

Em contraste, as áreas seguras trazem uma sensação de alívio. Mesmo com cenários simples e despojados, eu conseguia sentir um peso saindo de meus ombros ao chegar em um espaço protegido. Essa mudança de atmosfera é potencializada pela trilha sonora.

A música de Perennial Order desempenha um papel essencial na imersão. Nos locais seguros, o som é sereno e melancólico, transmitindo não alegria, mas uma sensação de paz temporária. Já nas batalhas contra chefes, a trilha é boa e às vezes épica.

Essa alternância reforça o ciclo do jogo: um breve momento de respiro antes de mergulhar novamente em batalhas árduas. É um equilíbrio que envolve do início ao fim.

Desempenho sólido mesmo em combates intensos

Durante minha jogatina não encontrei nenhum bug aparente e o desempenho foi incrivelmente bom, tendo uma média de 160 – 200 fps. Eu joguei o Perennial Order na seguinte configuração:

• Intel Core i5 12400f
• 16GB RAM
• RTX 2060 12GB

Os requisitos do jogo abaixo:

• Dual Core 3.0Ghz+
• 16GB RAM
• 2GB Video RAM

O legado do cavaleiro perene

Perennial Order é um título que surpreende pela sua coesão. Ele une um combate desafiador e justo, uma direção artística deslumbrante e uma narrativa enigmática em um pacote envolvente. O jogo exige paciência, atenção e habilidade, mas recompensa o jogador com uma experiência memorável.

A simplicidade da proposta apenas lutas contra chefes, sem fases tradicionais é justamente o que o torna tão especial. Cada vitória é marcante, cada inimigo derrotado deixa uma impressão duradoura, e cada detalhe do mundo reforça a atmosfera sombria que a Gardenfiend Games conseguiu criar.

No geral é um jogo desafiador, artístico e imersivo, Perennial Order, uma escolha muito boa. Ele não é apenas mais um Boss Rush, mas sim uma experiência que mistura dificuldade e beleza em doses equilibradas, capaz de prender até a vontade do Cavaleiro Perene cair.