Sempre que penso na minha infância, uma das lembranças mais vivas que tenho são as horas passadas ao lado do meu irmão jogando Worms. Aquele caos cartunesco de vermes se explodindo com armas malucas e a gargalhada que a cada partida surgia, fazem parte de uma memória que nunca envelhece. Agora, com Worms Armageddon: Anniversary Edition, tive a chance de reviver tudo isso no PS5 e posso dizer sem medo: foi uma das experiências mais nostálgicas e divertidas que tive nos últimos anos.
Essa edição especial não é só um relançamento, é quase uma cápsula do tempo. Traz a essência do clássico de 1999, mas com conteúdo extra, melhorias e uma forma de celebrar uma franquia que marcou gerações.
A história por trás da guerra
Worms nunca foi um jogo conhecido por ter uma narrativa. Ele sempre viveu do improviso, do humor e da competição entre amigos. No entanto, essa edição comemorativa traz algo curioso: uma “linha do tempo” da franquia, que funciona quase como um museu interativo.
Podemos acompanhar a evolução de Worms desde o primeiro título, com comentários dos desenvolvedores, curiosidades e até bastidores do processo criativo. É um extra que não muda o coração do jogo, mas que dá um toque especial para quem sempre acompanhou a franquia. Eu, por exemplo, achei muito interessante revisitar detalhes que nunca tinha parado para pensar, como a origem de armas icônicas ou como certos mapas foram inspirados em piadas internas da equipe.
Mesmo sem uma trama tradicional, Worms continua sendo hilário e caótico. Os próprios vermes, com suas vozes caricatas e frases curtas, conseguem transmitir mais personalidade do que muito protagonista de jogos narrativos.
Estratégia em formato de caos
A fórmula de Worms Armageddon é simples, mas extremamente viciante: estratégia por turnos em 2D, onde controlamos uma equipe de vermes que precisa eliminar a equipe adversária. Essa simplicidade, no entanto, esconde uma profundidade absurda, porque cada partida nunca é igual à outra.
Parte disso vem do arsenal, que é um espetáculo à parte. Desde a lendária Banana Bomb, que se divide em pequenas bananas explosivas e causa destruição massiva, até o surreal Burro de Concreto, que despenca do céu esmagando tudo no caminho, é impossível não rir e querer testar todas as armas disponíveis. Cada disparo é uma surpresa, cada explosão é um espetáculo.
Além do multiplayer local, que continua sendo o coração da experiência, é possível jogar contra a IA ou até online. Mas vou ser sincero: Worms nunca foi só sobre ganhar. É sobre rir das jogadas erradas, das falhas de cálculo e das situações ridículas que surgem quando alguém decide arriscar uma bazuca com vento contra.
Física, destruição e improviso
Uma das coisas que mais me impressionou revisitando Worms Armageddon: Anniversary Edition foi perceber o quão boas ainda são suas mecânicas. A física é de outro nível, principalmente para um jogo que nasceu em 1999. O vento influencia diretamente no trajeto dos projéteis, granadas quicam de maneira caótica e imprevisível, e até mesmo o terreno pode ser explorado de forma estratégica.
E por falar em terreno, essa é uma das minhas partes favoritas: o fato de poder destruir completamente o mapa. Já perdi a conta de quantas vezes venci partidas simplesmente abrindo buracos e deixando meus adversários caírem na água. É um detalhe que transforma cada combate em algo único e imprevisível.
O jogo também exige domínio de ferramentas que parecem simples, mas que pedem prática. O jetpack, por exemplo, é ótimo para alcançar áreas difíceis, mas consome combustível rápido. Já a famosa corda ninja é quase uma arte à parte: tem gente que domina tanto essa ferramenta que parece estar jogando um jogo completamente diferente. Eu demorei para me readaptar, mas quando peguei o jeito, a sensação de liberdade foi incrível.
A diversidade de mapas também é um ponto alto. Alguns são nostálgicos e imediatamente reconhecíveis, enquanto outros trazem novidades criativas. Admito que nem todos me agradaram, mas a grande maioria me trouxe aquela sensação de estar de volta à infância.
Os controles, por outro lado, podem ser estranhos no começo. Depois de tantos anos sem jogar Worms, me senti um pouco perdido em como mirar, calcular trajetórias e usar ferramentas. Mas a curva de aprendizado é rápida, e em poucas partidas já estava totalmente imerso no caos.
Cartunesco, mas eterno
Visualmente, Worms Armageddon: Anniversary Edition mantém a estética clássica. O estilo 2D cartunesco continua charmoso e transmite muito bem a ideia de uma guerra absurda entre vermes. Não é um jogo que impressiona por gráficos realistas, mas também não precisa disso: o que conta aqui é a clareza, o humor e o estilo atemporal.
A trilha sonora, por sua vez, é impecável em transmitir o clima de guerra exagerada e cômica. Mas nada se compara ao som dos vermes. As vozes caricatas, os gritos de dor e as pequenas provocações durante as batalhas são pura nostalgia. É impossível não sorrir ao ouvir aquelas falas que marcaram minha infância.
O absurdo que nunca morre
Jogar Worms Armageddon: Anniversary Edition no PS5 foi como abrir uma caixa de memórias que eu nem sabia que precisava revisitar. Entre explosões absurdas, mapas destruídos e vermes gritando de dor com vozes engraçadas, revivi momentos que marcaram minha infância e, ao mesmo tempo, percebi como esse jogo continua incrivelmente divertido mesmo décadas depois.
Não é só nostalgia: Worms se mantém atual porque sua fórmula é única. Não existe nada igual no mercado. Poucos jogos conseguem equilibrar caos, humor e estratégia de forma tão brilhante.
Se você já jogou Worms, essa edição comemorativa é um reencontro necessário. Se nunca jogou, talvez seja a melhor oportunidade de descobrir por que uma guerra entre vermes explosivos conseguiu atravessar gerações.
No fim, percebi que Worms não é apenas um jogo que fez parte da minha infância, é um clássico eterno, que consegue transformar o absurdo em pura diversão. E essa é uma marca que nem o tempo consegue apagar.
NOTA
CONSIDERAÇÕES
Worms Armageddon: Anniversary Edition prova que o tempo não enfraquece um clássico. Caótico, engraçado e único, continua sendo a melhor forma de transformar explosões absurdas em pura diversão.